terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A Aldrava


Numa manhã chuvosa de março morreu Elizeu.
Era um tempo no qual se seguiam as Folhas de Mariana para arar, adubar, plantar, capinar e colher.
Dois casamentos, 23 filhos (na virada do Milênio esses 23 filhos, legítimos, haviam gerado 73 netos).
Em vida, no fim de tarde – ensolarada, nublada ou chuvosa –, Elizeu saia em seu Pampa.
Cada dia da semana tinha um compromisso a noite:
- casa paroquial com o Padre da cidade, no domingo;
- sociedade musical, na segunda;
- baile, na terça;
- câmara dos vereadores, na quarta;
- sociedade francófona, na quinta;
- cinema, na sexta;
- casa das tias, no sábado
- e no domingo o ciclo se reiniciava, constante.
Elizeu retornava para a fazenda, religiosamente, às 22 h.
Abria a porta da cozinha, dava Boa Noite ao Pampa, e ia conversar com os filhos, que ainda vivessem ou estivessem na sede da fazenda.
Em uma manhã chuvosa de domingo, após tomar um farto café – com broa de fubá, pão de queijo, café de garapa e leite quente, natural –, observando filhos e empregados tirarem leite no amplo curral enlameado e cercado com madeira nativa de lei, Elizeu faleceu na varanda, fumando um cigarro de palha, feito com fumo de corda, e com a Bíblia no colo, aberta no Evangelho de São Mateus, na genealogia de Jesus.
A família e os amigos respeitaram seu modo de viver.
 Elizeu foi enterrado sem pompa, nem circunstância, mas com a devida vênia. Carpidos e lamentos se ouviram.
Na noite de segunda,  no dia do enterro, às 22 h, ouviu-se um som de ferro com ferro na aldrava. Não se ouviu nenhuma voz.
Em uma família de boiadeiros, vaqueiros, lavradores, pedreiros, marceneiros e afins, o som agudo foi assombroso, fazendo tremer a fundação da casa erguida 30 anos antes.
Noite após noite, durante uma semana, a viúva, filhos e filhas recolhiam-se em temor ao ouvir o barulho da aldrava.
Na missa de sétimo dia, a viúva narrou ao Padre o acontecimento, o ...

(continua assim que tiver comentários, hehe).
por Vanres.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

a casa

a casa
              enfim acessível
as gretas
o muro
     chapas de concreto armado
            ressecado aqui
            empenado ali
            mofado lá
            apodrecido acolá

os vãos

as portas e janelas
              finalmente abertas
cozinha
sala
biblioteca
escritório
quartos
banheiros
                    decoração de outra época
    fissuras
        as paredes trincadas
        as colunas de madeira carunchadas
antigas
fendidas

o sótão
por dentro e por fora
pela portinhola e pelo vitrô
ainda
fechado
            com cadeado e ferrolho
lacrado
com metal forjado
                protegido
                    com sensores e dinamite

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Uma tortuosa viagem

       20/10/2012
Uma tortuosa viagem
    de Sampa a Tiradentes
                                   490 km
                                     80 dias
curioso
    perplexo
       encanecido

rastros de um desejo
    antigo
            inventado no instante
            ancorado na tradição

dores
 dúvidas
    humores

fuga    
   de quimeras
busca
   de ilusões

    estar ou
não estar
        Eis a questão!

20/10/2012 06:57
+++++

quinta-feira, 6 de março de 2008

n° 9

suor
a face retorcida
dor
os dedos tendiníticos

o fôlego curto

mãos emaranham
filas extensas

pré
1. colados
2. moldados
3. trançados
pós

provas modernas
antigos modelos

não obstante intrique linhas que me implicam,

pratico obras que se propõem a não ter um fim
prático
mas
,felizmente,
alguém sempre encontra um princípio

quarta-feira, 5 de março de 2008

espero um dia

espero um dia
voltar a alcançar
a estrada da perdição
pois hoje viajo com destino certo

contestando o desejo
sigo caminhos
por tantos loucos
já Cruzados

 prossigo
acreditando saber para onde a trilha me levará
se a cada vez o caminho difere
então, defiro

respeito regras
não resisto às leis
, mas um dia,
ah,
um dia

darei uma guinada de 360º
escândalos a parte

voarei


Se acessar meu blog http://vanres.blog.terra.com.br/ encontrará outros poemas publicados, bem como textos de crítica literária e estudos culturais, além de resumos e resenhas de textos teóricos.

domingo, 2 de março de 2008

ardores

...foi desejo
soberbo...

1. prazer máximo
2.

um eterno instante

- arfante -
ainda corrói
1 . ilusão
2. peregrinação
3.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

memento

por querer momento
inferno em mim
resta memento
gôsto de fim

sobre mim
toques (e) instante(s)
tornam-se nova crença
debaixo do sim
fazem diferença

gentil e calmo
instead of fast and furious

liabilities

ROMERO, Sílvio. História da literatura brasileira.

Ao fazer o “Retrospecto Literário” do ano de 1888, Sílvio Romero (1954) não é nada complacente com os escritores tupiniquins. Sua atenção, em seqüência, direciona-se à poesia, passa célere pela prosa, recusa-se a comentar o teatro do período e faz uma leitura daquela que será o nosso foco, e que para Romero tem sido o distrito mais animado de nossa literatura nos últimos tempos (p. 1772).
Um grande destaque de Romero é a contradição entre uma poesia cujo lirismo produz uma imagem idealista de sociedade (parnasianismo e simbolismo) e uma prosa que estereotiparia negativamente uma sociedade (naturalismo-realismo). Para Romero, nenhum dos dois extremos diriam a verdade. Na poesia, as exceções, que produziam obras de qualidade, foram Luis Murat, Olavo Bilac, Guimarães Passos, Augusto de Lima, Medeiros e Albuquerque, já na prosa destacavam-se Aluisio Azevedo, O Homem, e Raul Pompéia, O Ateneu, e Domício da Gama.
Em relação a uma poesia, cujo valor estava em uma volta ao puro lirismo quasi romântico (p.1764), e uma prosa, em que os autores escreviam romances naturalistas em passo ainda trôpego e estreante (p. 1767), a crítica estava tão animada que produzia intensamente, mesmo sem produção beletrista que fornecesse subsídios adequados, de acordo com Romero. Entre os críticos, destacavam-se Araripe Jr. e Tito Lívio de Castro, bem como o próprio Romero, entre outros, como Artur Orlando e Clovis Beviláqua. A atenção dada à crítica literatura brasileira levava Romero a afirmar que viria um tempo em que haveria uma literatura só de críticos, e uma crítica pneumática, exercendo-se no vácuo (p. 1772), ou seja, antevia um tempo de vácuo literário.
Dezesseis anos depois, em 1904, ao apresentar exemplos de reação ao Romantismo na prosa e na poesia, Romero considera a escola realístico-socialista e a escola Simbolista como aquelas de maior valor literário. Por valor entenda-se, mas não somente, o trabalho artístico de “idealização”,operação essencial da poesia (ANIBAL FALCÃO APUD ROMERO, 1799). Enquanto isso, Romero continuava, como em 1888, a exprimir um julgamento cáustico quanto a prosa naturalista e a poesia parnasiana: correntes que haviam
em suas falaciosas miragens as inteligências nacionais, o naturalismo e o parnasianismo, isto é, aquele a pretensão errada de querer fazer arte e poesia sòmente com a observação, e o outro a pretensão, não menos errônea, de quere-las fazer só com os apuros da forma! (1954, p. 1799)

Quanto à escola Simbolista, que mais nos interessa devido ao momento de nossa atenção, belle epoque e fin de siècle, Romero destaca Bernardino Lopes e Cruz e Souza. No primeiro destaca as boas qualidades do poeta, em sua primeira fase (1881 à 1899), contraditoriamente denominada parnasiana, por Romero. As boas qualidades seriam: brilho da frase, riqueza das imagens e facilidade do verso e da rima.

Continua...

Por:
VanRes. Vander Vieira de Resende (1974- ?)

Caso deseje continuar a leitura deste resumo faça um comentário em http://vanres.blogspot.com/. Será um prazer receber sua visita e ler seus comentários. Deixe seu e-mail que lhe enviarei o texto na integra.
Neste blog publico os primeiros parágrafos, normalmente uma página, de textos de crítica literária e de estudos culturais, além de resumos e resenhas de textos teóricos. Se acessar meu blog http://vanres.blog.terra.com.br/ encontrará, também, algumas de minhas poesias.

Gostaria de destacar que os resumos, resenhas de textos teóricos que escrevo e publico neste espaço, sempre, são parciais, porque voltados para questões que trabalho considero relevantes para a escrita de minha dissertação de mestrado, atualmente em processo de escrita, e/ou textos pertinentes para escrita de comunicações a serem feitas em encontros e congressos. Agradeço a compreensão quanto ao acontecimento de que minhas leituras interessadas, por vezes, deixam de lado questões centrais dos livros, capítulos ou artigos acerca dos quais escrevo meus textos.

ROMERO, Sílvio. Retrospecto Literário (1888) e Confronto em Retrospecto (1904). In: História da literatura brasileira. contribuições e estudos gerais para o exato conhecimento da literatura brasileira. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1954, p. 1798 -1821, vol. 5.

Love, by Toni Morrison

In Toni Morrison’s Love one central character is Heed Cosey, a decaying or decadent widow: an old black woman. Heed lives apparently out of time in an old mansion. From the beginning of the narrative, we have descriptions and characterizations of Heed which construct one ambiguous character.

The objective of this text is to provide evidence for the statement that through linguistic, textual and discursive strategies, Morrison constructs Heed Cosey as one ambiguous, and undefined character. The main theoretical concept that sustains this text is Stuart Hall’s statement that the “identidades culturais estão sendo deslocadas e fragmentadas na contemporaneidade” (2003). Another is Kristevas’s “subject in process” (1996: 351).

Heed Cosey will be understood as a post-modern subject, fragmented and “in process”. The subject, the character, will be investigated through strategies of representation: descriptions of her clothes, physical features (mainly body), statements about her, and others. Following Mikhail Bakhtin’s statement that “tudo está no material, principalmente no material verbal” (1995: 42).

The analysis will use a close reading of the relations between different characters and Heed. Through the concept of focalization, the work begins analyzing the different perspectives and representations of Heed, by the other characters and by herself. From beginning to end the different representations of one character are seen as supplementary readings, and each diverse representation of Heed gives us dissimilar ways of perceiving her, adding information, as well as physical & psychological characteristics. Actually, the narrative uses different perspectives to represent and reveal one object of analysis.

Morrison’s book, Love, constructed through explicit strategies of representation, provides a representation of the post-modern subject, fragmented and in process.

Vander Resende - Acadêmico de Letras UFSJ Profa. Dra. Madga Velloso Tolentino - DELAC – UFSJ (Orientadora) Profa. Kerry Reynolds (co-orientadora)
Continua...

Por:
VanRes. Vander Vieira de Resende (1974- ?)

Caso deseje continuar a leitura deste resumo faça um comentário em http://vanres.blogspot.com/. Será um prazer receber sua visita e ler seus comentários. Deixe seu e-mail que lhe enviarei o texto na integra.
Neste blog publico os primeiros parágrafos, normalmente uma página, de textos de crítica literária e de estudos culturais, além de resumos e resenhas de textos teóricos. Se acessar meu blog http://vanres.blog.terra.com.br/ encontrará, também, algumas de meus poemas.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Na introdução de seu livro Insiders and Outsiders, de 1994, Michael HARRIS realiza uma diferenciação entre dois tipos de autores da literatura colonial e pós-colonial. Os “Outsiders” foram escritores que representaram as colônias de uma perspectiva da época da colonização ou imediatamente após. Já os “Insiders” são os autores que escrevem como ex-colonizados e apontam as limitações da ficção inglesa.

Harris apresenta uma visão histórica da expansão imperial inglesa, no início um empreendimento aventureiro e com o posterior estabelecimento de distintas estruturas imperiais. Relata como a noção de superioridade administrativa e de civilização imperial inglesa, seja racial ou étnica, apresentou-se como justificativa para a administração de um tão amplo império. Essa posição de superioridade possibilitou aos imperialistas se colocarem como libertadores dos povos conquistados.

Nos países dominados estabeleceram-se instituições que educaram uma classe média nativa emergente que passou a questionar sua falta de poder real. Contudo, o império conseguiu sucesso em manter o seu domínio por um longo tempo devido à criação de regras e ao uso de estratégias de segregação por classe, religião e etnia, que mantiveram os diversos grupos divididos. Um dos motivos que mais contribuíram para a dissolução do império britânico foi o desenvolvimento das comunicações. Isso possibilitou a interação entre os grupos que lutavam pela libertação.

As duas grandes guerras foram outra influência, pois mudaram as relações entre colonizados e colonizadores, porque colonizados passaram a ver dominadores como iguais e não como possuidores de moral ou civilização superior. As formas de transição da situação de colônia para a de país livre foram as mais diversas e as influências e instituições imperiais mantiveram-se após o domínio físico e mantêm-se ainda hoje em muitas ex-colônias. Isso representa como a identidade cultural desses povos fraturou-se com o encontro colonial.

Harris destaca o surgimento de uma literatura escrita em inglês por autores nativos das ex-colônias como um notável produto da descolonização. Principalmente a adaptação do gênero romanesco como forma de relatar as experiências dos ex-colonizados a partir do seu próprio ponto de vista, “insider”, com sua própria voz. Essa literatura é alternativamente chamada de literatura pós-colonial, “commonwealth” ou do terceiro mundo. Nela o autor coloca em questão a forma como os primeiros escritores retrataram a colônia, com a freqüente reconstrução da história colonial e a crítica das representações literárias. Com isso, criam uma visão alternativa da literatura e da cultura. Nem todos os escritores pós-coloniais seguem o mesmo padrão, ou seja, alguns não recriam, nem respondem as representações da época colonial e vão ao ponto de criticar a busca de uma nacionalidade unificada. Há um terceiro grupo de escritores que parecem se colocar como participantes da tradição literária colonial britânica, ainda que protestem contra os problemas advindos da influência imperial.

Continua...

Em http://vanres.blog.terra.com.br/, publico poesias, bem como textos de crítica literária e estudos culturais, além de resumos e resenhas de textos teóricos. Será um prazer receber sua visita e ler seus comentários.

HARRIS, Michael. Insiders and Outsiders: perspectives of third world culture in British and post-colonial fiction. New York: Peter Lang, 1994.

miragem e diferença

devora meu espírito
indigesta agressividade
mente inoculada
com peçonha da cobiça

vontade do dizer,
sobrepuja o pensamento:
quanto a mim, acerca de outros
variegadas performances in-constante-s


anseio imperioso de vitória
sobre quem?
desejo imperativo da palma
a mim mesmo?

Hiperatividade
durmo sono in-justo

tornar-me-ei outro
quando re-iniciar o dia?
por isto o pânico?

não
diferir
“fanal obscuro”

num centro instável
gira o mundo
que imprimo
a minha miragem
e diferença

Fontes Primárias em Discussão”, de Edson Campos e Maria Zilda Cury,

Muito tem se teorizado, e mais ainda se escrito, em textos acadêmicos acerca do trabalho com fontes primárias e com arquivos. Nos dizeres de Fausto Colombo, haveria uma obsessão da memória (1991, p. 17), em nossa era. Quais as razões para tal atenção às fontes documentais? E, principalmente, qual a diferença entre os estudos contemporâneos e os do passado acerca das fontes primárias? Estas são algumas indagações de “Fontes Primárias em Discussão”, de Edson Campos e Maria Zilda Cury, um texto referência para aqueles que desejam pensar a relevância de tais estudos. Campos e Cury (doravante C&C) fazem parte de um movimento de reflexão acerca da epistemologia contemporânea, ou seja, da relação entre o conhecimento e o mundo. Constituidos e constituidores de uma epistemologia que coloca sob-razura sentido hodiernos, a exemplo do sentido das fontes primárias, bem como do termo “fonte”. Em tal releitura da tradição do pensamento, efetivam um movimento em que questionam a origem primeira, a que o termo fonte aludiria e, mais do que isso e por isso, apresentam fontes primárias como um espaço de reflexão, ponto relacional. E não mais vendo-as como matriz explicativa e auto-suficiente, ponto primacial , ou seja, determinantes exclusivas do conhecimento (p.54). As fontes primárias, no sentido de ponto primacial, para C&C, destacariam que a antiga crítica das fontes se preocupa em revelar rascunho como a origem daquele texto digno de finalmente merecer o olhar do leitor (p.54). Nesta perspectiva tanto o rascunho quanto o texto publicado fariam referência a um ponto fixo, a um passado congelado, já pronto para todo o sempre (p. 55). Já o estudo das fontes em seu sentido relacional possibilitaria uma outra forma de conceber o pensamento e o mundo, pois permitiria que não se congelem as [...]efetivas possibilidades de construção de um saber em movimento (p. 54). Isto, principalmente, por haveria uma leitura que consideraria a relação de interdependência entre a fonte primária e o texto publicado. No estudo de tais fontes, confrontadas com o texto “final”, haveria a possibilidade de explicar o processo de construção de uma obra, alterando ou mudando significados que as fontes apresentam (p.55), até mesmo possibilitando a transformação dialógica das significações consagradas (p.55). O saber passaria, então, a ser compreendido como em construção, produzido em relação e em um cruzamento de práticas de significação diferenciadas. O texto publicado deixa, então, de ser visto como algo pronto e acabado, passando a ser lido como parte um processo. Com esta perspectiva, que proporciona a releitura em uma dimensão desconstrutora dos objetos de investigação e pesquisa, Campos e Cury questionam o saber encarado como acúmulo enciclopédico, bem como a noção de que alguém seria detentor desse saber. Tal perspectiva possibilita, como uma de suas possíveis conseqüências, uma revisão não apenas do corpus, mas, também, dos próprios instrumentos metodológicos de investigação e de pesquisa.
ps. Caso deseje continuar a leitura deste texto faça um comentário, diga se gostou ou não. Valeu
CAMPOS, Edson Nascimento, CURY, Maria Zilda. Fontes Primárias em Discussão. In: Vertentes, n. 15. São João del-Rei, Minas Gerais: FUNREI (Fundação de Ensino Superior de São João del-Rei, jan/jun. 2000, p. 53-60.

crazy on you

,what can i show
with this girl
who doesn’t know
how is my hell

[this is so sod]
used to be so good
i could find god
i am not in the mood

but go to the feast
make the most
and shout out loud

let me not be un-bold.

THE WAY is lost
sway the least

peloton partners

they stay stomping you – brutal, atrocious
et alli
!but
be aware!

some re-quest:
why would we want you where we were?

Because we need someone to take our place

- subtle and sibylline
dissimulated –
they consider

we want catch other alterity there -

and
you stay stomping-us – brutal, atrocious
et alli

!being unfair!

carnaval de salvador

sambódromo e copa do mundO
!!tã-nã-nã-tã-nã-nã!!
?a heroína vai morreR?
!!ná-ná-ní-ná-não!!
?o bandido vai viveR?
o rIo dE janeIro contInua lIndo
!!rá-tá-tá-tá-!! ‘
gás desgraça, Barriga de Aluguel,
We are the champions!
VALE, VALE TUDO

combat zone

slaves-us
The Empire
? Resistance?
But sometimes my brazilian english
allows me to be free - of myself, of my culture, of my nurture,
of my ( ), of … -
Ok,
only a little bit,
at lea- -st
?!? o r
n o t
?!?

Renascer

Volto a perder-me contente -
necessitava da fôrma final
quebrada rima, inaugural
descontrolo-me, no limite

talvez falte virilidade
p'ra perder o chaveiro
contenho-me no instante derradeiro
- vislumbro insanidade

“endoidecer gente” vã

no caminho do meio
no Fio da Navalha
mesmo fraca
vale esta (...)
como é bom voltar

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade.








Em A Identidade cultural na Pós-Modernidade (2003), Stuart Hall busca avaliar se estaria ocorrendo uma crise com a identidade cultural, em que consistiria tal crise e qual seria a direção da mesma em momento pós-moderno. Para efetivar tal intento, analisa o processo de fragmentação do indivíduo moderno enfatizando do surgimento de novas identidades, sujeitas agora ao plano da história, da política, da representação e da diferença. A preocupação de Hall também se volta para o modo como haveria se alterado a percepção de como seria concebida a identidade cultural.




Todos esses aspectos constituem-se como fases de um procedimento analítico que intenta descrever o processo de deslocamento das estruturas tradicionais ocorrido nas sociedades modernas, assim como o descentramento dos quadros de referências que ligavam o indivíduo ao seu mundo social e cultural. Tais mudanças teriam sido ocasionadas, na contemporaneidade, principalmente, pelo processo de globalização.




A globalização alteraria as noções de tempo e de espaço, desalojaria o sistema social e as estruturas fixas e possibilitaria o surgimento de uma pluralização dos centros de exercício do poder. Quanto ao descentramento dos sistemas de referências, Hall considera seus efeitos nas identidades modernas, enfatizando as identidades nacionais, observando o que gerou, quais as formas e quais as conseqüências da crise dos paradigmas do final do século XX.








Hall estabelece uma relação, praticamente direta, entre as mudanças nos conceitos de identidade e sujeito abordadas, nos capítulos I e II, e as conseqüências da globalização para a Identidade Nacional, a respeito da qual Hall passa a discorrer no capítulo III. Tal relação não nos parece ser tão clara entre identidade nacional e identidade cultural não nos parece ser tão natural.




A análise da identidade cultural empreendida por Hall é iniciada com uma descrição das mudanças conceituais quanto ao que se entenderia como sujeito e identidade. Quanto ao sujeito, Hall afirma que com o colapso do sujeito pré-moderno – da ordem social, econômica e religiosa medieval – surge o Sujeito Iluminista, o qual teria uma noção de individualidade, possuidor de uma identidade estável e um centro essencial ao longo da existência. No século XIX tal sujeito passou a se considerado em sua interatividade com a sociedade, em tal concepção passa a ser concebido como um sujeito sociológico, este sujeito seria um “eu real” que se formaria e se modificaria no diálogo com o mundo pessoal e público. Este sujeito sociológico ainda era tido como possuindo uma identidade unificada, contudo sofreria mudanças drásticas durante o século XX passando a ser concebido como um composto de várias identidades contraditórias e não resolvidas na contemporaneidade. Momento em que considera-se que o sujeito estaria jogando com suas identidades, podendo se identificar com categoria identitária diversas em momentos distintos, em um processo de constante sobredeterminação. O sujeito pós-moderno teria se desenvolvido, principalmente, com a multiplicação dos sistemas de significação e com a ampliação dos modos de representação cultural na modernidade tardia.









Cinco grandes avanços da teoria social e das ciências humanas são apresentados como sendo responsáveis pelo descentramento do denominado “sujeito cartesiano”: a partir de Marx, Althusser questiona a essência universal do homem como atributo de um indivíduo singular; com a releitura lacaniana da teoria psicanalítica do inconsciente de Freud surge a noção da identidade formada a partir de um processo de complexas negociações psíquicas inconscientes; a argumentação de Saussure de que a língua é sistema social e não individual, constituído de uma ampla gama de significados arbitrários que preexistem ao falante, Derrida acrescenta considerações quanto a impossibilidade de fixar significados de forma definitiva, ou original, já que tudo o que falamos possui um antes e um depois, tal qual a identidade; o quarto deslocamento é perpetrado por Michel Foucault, em sua “genealogia do sujeito moderno”, na qual afirma que as técnicas das instituições coletivas envolvem a aplicação do poder e do saber que “individualiza” ainda mais o sujeito e controla seu corpo pelo exercício do poder disciplinar, para torna-lo um “corpo dócil”; o último descentramento é efetivado pelo feminismo, tanto como prática quanto como teoria, bem como pelos distintos movimentos sociais que apelam para a identidade social de seus adeptos e possibilitam o surgimento das chamadas “políticas de identidade”. Esse é o “sujeito pós-moderno” descentrado é resultado de mudanças estruturais e institucionais da modernidade tardia.




Já no terceiro capítulo, Hall volta-se para a análise da identidade cultural desse “sujeito fragmentado”, enfatizando a identidade nacional. Estas formam-se e transformam-se nas representações das culturas nacionais. A nação é tratada como possuidora de uma natureza essencial, que gera um sentimento de identidade, além de lealdade regional e étnica. Essas nações, comunidades imaginadas e simbólicas, influenciam e organizam tanto as ações quanto a concepção que as nações tem de si mesmas e de como se diferenciam das outras nações a partir da comparação por distinção. O ensaísta afirma que uma cultura nacional é, também, uma estrutura de poder cultural, pela hegemonia cultural que as nações ocidentais modernas exerceram sobre as culturas colonizadas. Além disso, a supressão da diferença cultural possibilitou a unificação das nações, compostas por diferentes classes sociais, grupos étnicos e religiosos. Por essas características, Hall afirma que a identidade cultural deveria ser pensada como um dispositivo discursivo que representa a diferença como unidade ou identidade. Esse dispositivo contribuiria para “costurar” as diferenças numa única identidade nacional, contudo essa identidade não subordina todas as outras formas particularistas de diferença, para Hall. Poderíamos considerar como toda identidade, não apenas a nacional, pressupõe o silenciamento de diferenças internas para possibilitar o consenso e a coesão de um grupo em seu confronto como o seu “outro”. A não-aceitação desse fechamento em uma identidade única para um grupo levou teóricas do feminismo como Judith Butler e Chantal Mouffe (Mariano, 2005) a não aceitar que se considere um sujeito do feminismo constituído a priori.




No quarto capítulo, Hall discute os efeitos da “globalização” sobre as identidades nacionais. Esse é um processo que atravessa fronteiras nacionais, integra e conecta comunidades e organizações em novas combinações de espaço-tempo. Hall apresenta, então, os efeitos da globalização na localização e representação das identidades, pois todas as identidades estão localizadas no espaço e no tempo simbólicos, nas “geografias imaginárias” de Said. O espaço, pelo senso de lugar ou de lar, e o tempo, pelas ligações com um passado mítico e inventado.




De acordo com Hall, alguns teóricos argumentam que os processos globais enfraquecem as identidades culturais, devido à infiltração e a homogeneização cultural. Porém, ao mesmo tempo, outros afirmam que a globalização alarga o campo das identidades, quer sejam locais, regionais ou comunitárias. Há ainda segundo Hall, aqueles que consideram o surgimento de novas posições de identidades, mais híbridas, que possibilitariam “identidades partilhadas”. Nos termos dessa última abordagem da identidade cultural na pós-modernidade, as tradições específicas e todas as diferentes identidades podem ser traduzidas. “Tradução” é um conceito que descreve as formações de identidade de pessoas que dispersas de sua terra natal, intersectam as fronteiras nacionais.




Hall apresenta três qualificações principais contra a perspectiva de que a globalização solapa as identidades e a “unidade” das culturas nacionais, por meio da homogeneização cultural: a articulação da homogeneização global com um novo interesse no local; a desigualdade de distribuição da globalização ao redor do globo, devido à “geometria do poder”; e alem dessas a consideração de que a globalização seja “essencialmente um fenômeno ocidental”.




A migração da “periferia” para o “centro”, seria parte do processo de contra-tendência à homogeneização. Devido à migração formam-se enclaves étnicos minoritários no interior dos estados-nação do Ocidente que levam à “pluralização” de culturas nacionais e ao questionamento das identidades nacionais estáveis. Essa situação possibilitou a discussão do que é a identidade nacional e também da “centralidade” cultural do Ocidente, bem como do sentimento de ser parte de uma identidade nacional. Com a migração é questionado também o fechamento europeu às pressões da diferença, da “alteridade” e da diversidade cultural, devido sobretudo ao “racismo cultural”.




A migração influencia no fortalecimento de identidades locais e na produção de novas identidades, ao alargar o campo das identidades e produzir novas posições-de-identidade. Essas novas identidades emergem agrupadas em novos focos de identificação, não mais com a apreensão de que elas sejam cultural, étnica, lingüística, religiosa ou fisicamente a mesma “coisa”, mas elas se identificam pela forma como a cultura ocidental as vê e as trata como “a mesma coisa”.




As novas identidades não têm um caráter apenas político, pois estão articuladas ou entrelaçadas em identidades diferentes. Nessa situação, uma identidade, como a nacional, não anula as outras, mas muda constantemente pela forma como é interpelada como representa o sujeito. Ou seja, a estrutura da identidade permanece aberta em um jogo de identidade quer seja cultural, de classe, de gênero, de religião e de nação. Não haveria mais um princípio articulador e centralizador.




Hall afirma que os efeitos gerais da globalização sobre as identidades ainda são contraditórios, pois algumas identidades buscam resgatar sua “Tradição”, a unidade, já outras identidades aceitam que estão sujeitas à “tradução”, ao plano da história, da representação e da diferença. No último capítulo, Hall descreve o movimento contraditório entre tradição e tradução e a forma como isso influencia a conceitualização das identidades culturais na modernidade tardia.




O ressurgimento do nacionalismo europeu e o crescimento do fundamentalismo são movimentos que visam reconstruir identidades nacionais coesas, uma busca de retorno a tradição. Dentro das “fronteiras” da nação minorias identificam-se com culturas diferentes. Essa foi uma virada inesperada, pois tanto o liberalismo quanto o marxismo alegavam que o apego ao local e ao particular dariam vez a valores e identidades cada vez mais universalistas e cosmopolitas.. A reconstrução da tradição, a partir de idéias tanto de pureza racial quanto de ortodoxia religiosa, tem sido uma das mais poderosas fontes de contra-identificação em muitas sociedades pós-coloniais e do terceiro-mundo. Essas são tentativas de se “criar” novos e unificados estados-nações, que nunca formaram identidades culturais realmente unificadas. Ao mesmo tempo, os sujeitos “traduzidos” seriam obrigados a negociar com as novas culturas em que vivem, sem simplesmente serem assimilados por essas culturas e sem perder completamente suas tradições. Essas culturas híbridas constituiriam uma das diversas identidades produzidas na modernidade tardia. O conforto da tradição seria desafiado pela necessidade de forjar-se uma nova interpretação baseada na tradução cultural.




Ao concluir sua análise da identidade cultural na pós-modernidade, Stuart Hall afirma que os desvios e deslocamentos da globalização parecem não produzir nem um categórico triunfo do “global” nem a persistência, em sua velha forma nacionalista, do “local”. A globalização pode ser desse modo compreendida como parte do lento, desigual e continuado descentramento do Ocidente, embora produzido pelo próprio ocidente.


ps. caso deseje continuar a leitura do resumo faça um comentário.

Mapeando os Estudos Culturais”, Adelaine LaGuardia,

Em “Mapeando os Estudos Culturais”, Adelaine LaGuardia,
além de esboçar um panorama dos desdobramentos dos Estudos Culturais desde o seu estabelecimento,
observa como os Estudos Culturais se transformaram em um campo de estudos multidisciplinar,
bem como discute as implicações dos Estudos Culturais para os Estudos Literários na contemporaneidade.
Contudo, para chegar a tais discussões,
a professora do Mestrado em Letras da Universidade Federal de São João del-Rei, elabora, inicialmente,
um levantamento acerca das mudanças semânticas quanto ao termo “cultura”.
Tais variações semânticas refletiriam profundas modificações sociais advindas do desenvolvimento do capitalismo e da revolução industrial.
LaGuardia destaca que é apenas a partir do século XVIII que "cultura" ganha a acepção de “civilização”, passando, então, a denotar
o processo geral de progresso intelectual e espiritual de uma sociedade ou indivíduo.
Nessa acepção, de pensadores como Edmund Burke e Robert Owen, a cultura teria um papel de destaca para atenuar a dureza do povo “inculto”.
É durante o Romantismo que civilização e cultura passam a ter significados distintos, na Inglaterra.
“Cultura” passa a representar o elevado, nobres valores, das tradições do folclore e da grande arte.
Já “civilização” se referiria a mundanidade, a vida cotidiana, ao acúmulo de riquezas por uns e a pobreza de outros, adquirindo uma conotação imperialista.
No contexto de crise social da segunda metade do século XIX, pensadores como Mathew Arnold, o “pai da crítica literária”, viam
na cultura uma forma de lidar a anarquia e o caos.
É nesse momento que o termo cultura passa a referir-se
ao reino do abstrato, sendo parte de um processo conformista e anti-revolucionário que perpetua o status quo.
Nesse momento, o estudo da abstrata "cultura" é exemplificado na disciplinarização do “Inglês” que seria, segundo Laguardia,
parte do processo de adestramento social exigido pela ordem vigente, cultivando valores etéreos e eternos,
legitimando as práticas sociais excludentes e promovendo a simpatia entre as classes.


obs: caso deseje continuar a leitura deste resumo faça um comentário, ou avaliação deste resumo


Palavras Chaves: Estudos culturais, Adelaine LaGuardia, Inglês, Cultura, F.R. Leavis, T. S. Eliot, I. A. Richards, Mathew Arnold. LAGUARDIA, Adelaine. Mapeando os estudos culturais. In: Quintana, Suely (Org). Fronteiras críticas, literárias e culturais. São João del-Rei: PROMEL/UFSJ, 2005, p. 11-28.

guardador de memórias

, mas e se não for jamais possível
saber quem sou
quem será esse sujeito inverossímil

... no caminho cerrei os olhos
havia tanto a que me apegava
não parecia haver nada de valor
perdi o rumo...

tristeza de ser e de estar comigo
alguém que não quero mais
um mosaico em que me perco
um eu que não reconheço

encontrei-me algumas vezes
em pedaços de
matéria enferrujada
que forjo.

digo iludido:
este sou
eU