sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

ROMERO, Sílvio. História da literatura brasileira.

Ao fazer o “Retrospecto Literário” do ano de 1888, Sílvio Romero (1954) não é nada complacente com os escritores tupiniquins. Sua atenção, em seqüência, direciona-se à poesia, passa célere pela prosa, recusa-se a comentar o teatro do período e faz uma leitura daquela que será o nosso foco, e que para Romero tem sido o distrito mais animado de nossa literatura nos últimos tempos (p. 1772).
Um grande destaque de Romero é a contradição entre uma poesia cujo lirismo produz uma imagem idealista de sociedade (parnasianismo e simbolismo) e uma prosa que estereotiparia negativamente uma sociedade (naturalismo-realismo). Para Romero, nenhum dos dois extremos diriam a verdade. Na poesia, as exceções, que produziam obras de qualidade, foram Luis Murat, Olavo Bilac, Guimarães Passos, Augusto de Lima, Medeiros e Albuquerque, já na prosa destacavam-se Aluisio Azevedo, O Homem, e Raul Pompéia, O Ateneu, e Domício da Gama.
Em relação a uma poesia, cujo valor estava em uma volta ao puro lirismo quasi romântico (p.1764), e uma prosa, em que os autores escreviam romances naturalistas em passo ainda trôpego e estreante (p. 1767), a crítica estava tão animada que produzia intensamente, mesmo sem produção beletrista que fornecesse subsídios adequados, de acordo com Romero. Entre os críticos, destacavam-se Araripe Jr. e Tito Lívio de Castro, bem como o próprio Romero, entre outros, como Artur Orlando e Clovis Beviláqua. A atenção dada à crítica literatura brasileira levava Romero a afirmar que viria um tempo em que haveria uma literatura só de críticos, e uma crítica pneumática, exercendo-se no vácuo (p. 1772), ou seja, antevia um tempo de vácuo literário.
Dezesseis anos depois, em 1904, ao apresentar exemplos de reação ao Romantismo na prosa e na poesia, Romero considera a escola realístico-socialista e a escola Simbolista como aquelas de maior valor literário. Por valor entenda-se, mas não somente, o trabalho artístico de “idealização”,operação essencial da poesia (ANIBAL FALCÃO APUD ROMERO, 1799). Enquanto isso, Romero continuava, como em 1888, a exprimir um julgamento cáustico quanto a prosa naturalista e a poesia parnasiana: correntes que haviam
em suas falaciosas miragens as inteligências nacionais, o naturalismo e o parnasianismo, isto é, aquele a pretensão errada de querer fazer arte e poesia sòmente com a observação, e o outro a pretensão, não menos errônea, de quere-las fazer só com os apuros da forma! (1954, p. 1799)

Quanto à escola Simbolista, que mais nos interessa devido ao momento de nossa atenção, belle epoque e fin de siècle, Romero destaca Bernardino Lopes e Cruz e Souza. No primeiro destaca as boas qualidades do poeta, em sua primeira fase (1881 à 1899), contraditoriamente denominada parnasiana, por Romero. As boas qualidades seriam: brilho da frase, riqueza das imagens e facilidade do verso e da rima.

Continua...

Por:
VanRes. Vander Vieira de Resende (1974- ?)

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Neste blog publico os primeiros parágrafos, normalmente uma página, de textos de crítica literária e de estudos culturais, além de resumos e resenhas de textos teóricos. Se acessar meu blog http://vanres.blog.terra.com.br/ encontrará, também, algumas de minhas poesias.

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ROMERO, Sílvio. Retrospecto Literário (1888) e Confronto em Retrospecto (1904). In: História da literatura brasileira. contribuições e estudos gerais para o exato conhecimento da literatura brasileira. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1954, p. 1798 -1821, vol. 5.

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